Translate

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Diversão e Cultura

 Cada vez mais vem se firmando a noção de que cultura e diversão são a mesma coisa ou no mínimo coisas idênticas.Vejamos então a definição dada a cada uma no dicionário(citamos aqui o Aurélio):

Cultura:Aplicação do espírito a (determinado estudo ou trabalho intelectual);instrução,saber,estudo.Apuro,perfeição,cuidado.

Diversão:Ato ou efeito de divertir ou de se divertir.Distração.Divertimento;recreio.Manobra falsa para desviar a atenção do inimigo do ponto que se quer atacar.(A iniciativa de frisar essa definição é toda e muito minha)

 Mas obviamente não devemos simplificar as coisas como se existissem apenas duas posições diametralmente opostas.Felizmente o nosso mundo civilizado tem um gosto particular pelo meio termo o que nos deixa com vastas áreas demarcadas em cinza.
 Vestir roupas,olhar para os dois lados antes de atravessar a rua ou usar talheres são em princípio ritos da nossa cultura.Porém não podemos negar que ao se alcançar um determinado grau de refinamento se pode obter uma imensa satisfação com a prática desses atos banais.Isso se aplica pelo menos a alguns e isso já é o suficiente.

Diversão não combina com Moda
A Cultura faz a Moda evoluir
 Caminhar no campo,subir numa árvore e comer uma fruta colhida com as nossas próprias mãos por exemplo pode ser muito bom mas não podemos negar a importância do alto grau de especialização alcançado por nossa cultura nesse caso pela gastronomia moderna.


 Ir a um show por exemplo é algo em geral muito divertido mas esse efeito resulta do emprego conjunto de diversos métodos e técnicas frutoo de um longo período de aperfeiçoamento que para ser adquirido deve ter exigido muito mais esforço e suor do que sorrisos.
 Voltando ao nosso problema logo percebemos que toda a questão consiste na necessidade de atitudes compensatórias criadas pelas pessoas.Todo o processo de produção de um bom vinho por exemplo é um dos pontos altos da nossa cultura enquanto alguns encaram a possibilidade de um porre constrangedor como entretenimento.

Menos disso e...
Mais disso por favor

 Pagar uma fortuna para ser chutado e acotovelado enquanto sapateia entre cacos de vidro,lixo e vômito num fosso escuro ao som de gritos de agonia ensurdecedores e sair de lá para um encontro marcado pelo impacto de um bom e velho soco inglês (os masoquistas frequentadores de raves tem um gosto particular pela insólita mistura do açúcar dos pirulitos e sangue coagulado) num maxilar incauto ou pelo brilho de uma lâmina podem ser tidos como altamente estimulantes e até culturais se levarmos em conta o conceito de que muito do nosso aprendizado é fruto da experiência sejam elas edificantes ou nem tanto.
 Ainda pior do que tudo isso,e nunca se deve perder a oportunidade de lembrar,é o eterno ciclo gerado pelo "mais do mesmo" nas nossas vidas:

  12 HORAS DE TRABALHO-------------4 HORAS DE TV---------------8 HORAS DE SONO

 A cultura entre tantas outras coisas nos permite ver o mundo de forma muito mais ampla e talvez por isso existam inúmeras razões para não simpatizarem tanto com ela.Não é preciso encarar horas de solo de violoncelo para se ter a certeza de se estar fazendo algo elevado (para os que já se consideram maduros para essa sublime experiência recomendo as seis Suítes para Violoncelo de Bach).
 Muitas vezes só se faz necessário um passeio até o zoológico ou simplesmente caminhar com um certo interesse pelas pequenas coisas como os bustos nas praças ou os nomes,contornos e entornos das ruas da nossa cidade.Tudo é válido para nos livrar desse mundo abarrotado de vazio que nos cerca.

Post scriptum

 Recebi vários e-mails criticando a expressão "abarrotado de vazio" usada nesta postagem afirmando ser apenas uma literatice frívola e alguns ainda me intimaram a demonstrar a possibilidade de que tal coisa possa existir.Isso só pode ser uma piada esses senhores devem ser imunes à alegoria e à subjetividade.Pois bem respondo aos seus gracejos (ou ao seu crocitar expresso monotonamente pelo abjeto kkkkkk...) no mesmo tom:

"Quod erat demonstrandum"

   Claro esse exemplo pode ser questionado caso os referidos senhores sofram com uma inatural,malsã e muito específica apetência por garrafas e/ou não entendam o paralelo entre o atual estado destas e o pouco conteúdo das  suas caixas cranianas.

O Facebook no Mundo Real

  Bom dia amigos hoje acordei alegre e bem disposta para encarar mais um dia...


 Não vai dar para tomar banho ainda mais com esse racionamento.Chuveiro agora só no meu aniversário mas isso vai me dar tempo para curtir um merecido café da manhã.


 Agora é sair para a rua.Mas nada de protesto pessoal o negócio é se deixar contagiar pelo entusiasmo das pessoas que vão para mais um dia produtivo de trabalho.



  O trabalho dignifica e engrandece.O meu chefe acredita que o sofrimento também.Que fofo!



 Mas o melhor do trabalho além do café ralo e da ida ao banheiro cronometrada é a hora do almoço.E o PF não é só prato feito é sinônimo de PerFeição(sic).


   E claro sempre sobra um tempinho para compartilhar com os nossos amigos.


 Hoje ainda bem é o melhor dia do mês isso vai me ajudar e muito afinal enquanto durar a endorfina gerada pela impressão de ter dinheiro não vou ter aquela típica reação ao dar de cara com as minhas contas.



 Bem depois disso tudo pelo menos sei que vou ter uma noite de descanso no meu amado lar feito por pessoas boas e compreensivas ansiosas por me retribuir por todo o meu sacrifício.



Boa noite!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Literatura de Cordel.Uma Ilustre Desconhecida.

 O dia 1° de agosto é marcado por uma estranha e curiosa efeméride.Esse dia entre todos os outros foi escolhido para o encargo de Dia do Poeta de Literatura de Cordel.O pobre coitado também se viu obrigado a ser conhecido como Dia do Selo.Pelo menos nesse caso isso ocorreu por pura coincidência.Ora filatelistas sempre foram reconhecidos como cultos e refinados e portanto não falaremos mais neles por hoje,voltaremos o nosso e o seu se for o caso tempo para a outra "classe" lembrada por esse dia.

 De imediato vai surgir a figura do repentista na cabeça dos cidadãos importunados durante as suas férias ou no nosso caso como nativos nas esquinas e nos ônibus.Infelizmente este incômodo está se tornando cada vez mais raro.Claro não falo dos oportunistas mas dos verdadeiros propagadores dessa forma de arte e ainda mais dessa literatura que hoje se vê desalojada e reside nas prateleiras das lojas de souvenir como uma mera curiosidade.
 Como todo gênero a literatura de cordel tem os seus cretinos,aduladores e mercenários existem diversos estudos sobre o uso dessa forma de expressão como a mais abjeta das ferramentas políticas,fazendo uso da sua difusão entre as populações mais desinformadas para fazer propaganda política por exemplo.
 Existem porém grandes nomes no gênero como José Camelo de Melo Rezende autor do "Romance do Pavão Misterioso" e José Pacheco autor de "Chegada de Lampião no Inferno".Se há quem considere a atual música sertaneja pop,o forró de plástico o hip hop sem causa,o rastafári de boutique e o funk cachorro como manifestações culturais porque o cordel é desprezado como algo anacrônico e primitivo?
 Precisamos resgatar essa tradição oriunda de Portugal mas que aportando no Brasil se tornou uma poderosa arma inclusive contra o analfabetismo um dos maiores empecilhos ao desenvolvimento de um país.Lembre ele disso ou não.


 Além é claro de estarmos correndo o risco de relegar ao esquecimento essa verdadeira manifestação do saber,dos ideais,das crenças de um povo.E apesar de reconhecermos todos os seus vícios não podemos também negar a sua importância e influência em tudo que temos de mais genuíno.

sexta-feira, 22 de março de 2013


Clássicos.Por Que Ler?

 Clássico não quer dizer antigo e muito menos é sinônimo de ultrapassado como muitos acreditam mas para não entrarmos em profundas discussões que nos vão desviar do cerne da questão vamos resumir tudo em alguns tópicos.
Um Clássico é um Modelo
 Vejamos então eu posso estar enganado mas se você já desejou ou se imaginou como um grande artista,um pintor por exemplo deve ter desejado ser capaz de realizar pelo menos algo como isso:

 E se os seus pais estavam certos em apostar na sua capacidade intelectual nada como isso:


 Como sempre muita gente vai vir com a conversa de ser essa uma manifestação artística como qualquer outra e só os esnobes não reconhecem isso.O argumento de que muitas vezes é usada como única forma de expressão por alguns grupos é passável mas só queria saber se os defensores de tais grupos decorariam ambientes ou se inspirariam nisso.Mas dou agora um exemplo de um ato fruto da simples necessidade de se expressar  que é um marco civilizatório e outro que não.

Pombos-Correio
Dança da Boquinha da Garrafa
 Entendeu então o que quero dizer?Um clássico é resultado do emprego conjunto de diversas técnicas fruto muitas vezes de longos períodos de aperfeiçoamento e mais é algo do qual ninguém vai se envergonhar mais tarde.

Um Clássico Tem um Valor Intrínseco e Inalienável
 Claro tudo muda e muito mas ninguém passeia orgulhoso com um filme pornô debaixo do braço já se fosse um Dostoiévski...Um outro exemplo:


 Reconheço não é o tipo de coisa que a maioria das pessoas gostaria de ter em casa mas essa máscara mortuária caso não houvesse mais nenhum outro vestígio da civilização egípicia se tornaria uma fonte preciosa do conhecimento capaz de reconstituir muito do modo de vida desse povo.Diferente daquele par de brincos comprados pelo catálogo daquela grife pretensiosa e que vai ser pago com um ano do seu trabalho mas não é capaz de sequer fazer piscar o dono de uma loja de penhores.

Um Clássico Resiste ao Tempo

 Afinal até quando ainda teremos de ler coisas escritas há milhares de anos?Sempre e talvez por mais algum tempo.Muita gente ao pensar em autores como Cervantes,Voltaire ou Shakespeare os veem apenas como defensores de obviedades esses tipos não imaginam o quanto era absurda a ideia da livre expressão ou da privacidade por exemplo e agem como os que não vacinam os seus filhos e não percebem só estar "imunes" porque outros tomaram essa precaução.Geralmente esses indivíduos são as primeiras vítimas de uma epidemia que não deveria ter sequer começado.Isso vale para a varíola e também se aplica à intolerância.Citemos então François Marie Arouet ou melhor,Voltaire:

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser,mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las."

 Não é muito bonito isso que estamos fazendo com o nosso futuro,não mesmo...